7 de jun. de 2020

Reflexões sobre o Brincar

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Cada vez mais, necessitamos brincar! Em tempos do necessário distanciamento social, estamos todos buscando interação e toda a abertura de possibilidades para o brincar, é muito bem-vindo. Nesse cenário, não se deve pensar apenas em ocupar o tempo das crianças; existe sim um momento em que elas gostam e até precisem brincar sozinhas, assim como momentos de ócio, para que a criança possa aprender a criar e a descansar. Mas convidar um adulto à brincadeira, fala muito sobre a interação humana, e deve ser valorizado. Nas brincadeiras, os sentimentos, os aprendizados, a vida da criança se expressa. Não brincar com a criança é, de certa forma, não ouvir o que ela tem a dizer.

Mas há famílias que, de fato, não sentam no chão para brincar. Sugerem que brincadeira aconteça sozinha, enquanto cuidarão de suas coisas de adulto. Quando finalmente brincam juntos, tendem a dar ordens do que deve ser feito: encaixe a peça aqui, coloque a tampa ali, mexa assim ou assado. Isso não é brincar com liberdade. Passear pela selva e conversar com os bichos que se aproximam, deixar que os blocos formem uma torre que, certamente despencará. Isso é brincar. Fugir da lógica e da razão. Mesmo por que, brincar não deve ser entendido como mais uma tarefa delegada aos adultos, como numa rotina rigidamente estabelecida: trabalhar e depois brincar com as crianças. As atividades diárias devem ser compartilhadas e transformadas em algo lúdico: cozinhar, limpar, cuidar das plantas, por exemplo.

Porque ter uma criança em casa é permitir que a fantasia chegue, é convidá-la a entrar. Eu vejo muita gente escolhendo o brinquedo mais caro, e me pergunto: quem vai brincar com esta criança? E vocês que me ouvem, lembram de quando brincavam? Lembram sobre o brincar na infância? Será que vocês podiam brincar na infância? E quem, de verdade, imaginou que brincar também faria parte da sua função enquanto cuidador referência de uma criança? Ou seja, maquinar menos o cotidiano, resgatar a imaginação adormecida...

Parece que não sabemos mais brincar. Será que a gente esqueceu? Bom, as crianças sabem. E até querem nos ensinar. Nós só precisamos deixar. Então experimenta dizer pra criança que não sabe como usar tal brinquedo ou fazer tal brincadeira. E receba com respeito, a principal comunicação da criança, que é o brincar.

Ah, quero complementar e dizer que contar, ouvir e recontar histórias também é brincar. Desperta a imaginação, as emoções, a curiosidade e também é uma maneira de preservar a cultura, os valores, compartilhar conhecimentos e aproximar diferentes gerações. Então, soltem a imaginação, as vozes, os gestos e vivam a história, vivam a brincadeira! Porque brincar é transmissão do coletivo, em todas as idades.

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