4 de fev. de 2018
Acordo, alguns dias bem
mais cedo e me preparo. Escrevendo tomo consciência do que faço, mas na
prática, já virou hábito e eu nem sempre percebo. Confiro as horas, a roupa, a
mente; agenda,
caneta, carimbo, algum livro necessário. Talvez umas orelhas bemmm grandes
fossem úteis - pra ouvir melhor, sabe... Sigo para o consultório. Vez por outra
vou caminhando, observando a rotina ao meu redor e vendo, ouvindo, sentindo,
que todos nós estamos buscando algo que nos preencha significativamente. Talvez
por estarmos sempre apressados e pouco observarmos sem julgar, estejamos ser
humaninhos tão complicados...
Chego. Entro. Ponho a
chave para abrir o armário e por dentro também vira um chave em mim, que abre
espaços para as histórias que vou ouvir. Os medos, anseios, possibilidades,
incertezas, novas informações, insistências, desistências, corda bamba, superação,
vidas reais. No meio de tudo, há, por vezes, alguém que não queria estar
ali. Mas eu preciso estar para este alguém. E estar consciente de que o meu
fazer refaz o outro ou, o contrário, se não houver cuidado.
Essa história de que
"a psicologia me escolheu", não encaixa nas minhas questões. Fui eu
mesma que escolhi, sério. E escolhi porque ainda quero traduzir pessoas. Escolhi porque queria desatar nós, organizar
coisas - e pessoas - apesar de ser necessário estranhamento antes de pôr em ordem. Por vezes, há também que se perceber - e aceitar - umas desordens necessárias. Talvez eu tenha sido bruxa, cigana, leitora de mãos, de bola de cristal, encantadora de cobras, em outros tempos por aí. Vai ver que sim.
Então, perdoa a bagunça
que há por dentro e permita-se atravessá-la. Aqui, há espaço e ouvidos para
histórias (e bagunças) de qualquer comprimento.
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