26 de jun. de 2015
Profissional do "nada" ou de algo?
Não foi a primeira vez que ouvi um paciente relatar: - "Fui ao médico e ele disse que não tenho 'nada' ou é 'coisa da minha cabeça', por isso eu deveria buscar um psicólogo". Ok. Entendo que muitos casos que chegam ao consultório médico, não apresentem causas fisiológicas ou orgânicas, de forma clara, mas é importante esclarecer ao paciente que na verdade ele tem sim, algo, mas que o profissional ali à sua frente, não dispõe de estratégias para identificar, por isso encaminha ao psicólogo, ou ainda, que os sintomas apresentados parecem ter causas psíquicas ou emocionais e seria adequado buscar um profissional que atue diariamente com estas demandas. Este discurso, se utilizado muda muito e ajuda a desconstruir o estereotipo de que psicólogo cuida apenas da loucura humana ou "de doido". Dizer ao paciente que ele não tem nada, pode fazê-lo acreditar possuir uma condição ilusória de um vazio que o adoece, o nada, e não consegue entender/explicar e por isso só vai piorar, ou ainda, pode fazê-lo não procurar o psicólogo, exatamente por não ter nada, e sem nada, para quê procurar outro profissional? Atendo diariamente sujeitos cheios de nada, vazios de tudo e dispostos a costurar essa mistura de forma mais agradável. Eu não sou uma profissional do "nada", ao contrário, cuido de conexões muito nomeáveis e sui generis, possuidoras de profundas explicações. A saúde pede menos pressa, mais escuta, e profissionais integrados, da melhor forma possível. Os limites existem mas, todos temos responsabilidades com a nossa atuação, exatamente porque ela influência àqueles que nos procuram.
Psicóloga Mayara Almeida
mayarapsicologia@hotmail.com
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Vivendo e aprendendo todos os dias!
ResponderExcluirParabéns pelo comentário!
Olá Obélio!
ExcluirTodos nós estamos neste aprendizado diário. Agradeço e seja sempre bem-vindo! Abç.