15 de jun. de 2015
Pequenas traduções de crianças que (não) falam.
● Ele tem 7 anos e repete frases e palavras que chamam sua atenção, muitas vezes frases feitas que ouviu em desenhos: "vermelho, amarelo, azul e violeta" . Mas nem sempre esta comunicação é pra mim. Quase nunca é. Ou não parece ser. Está falando sozinho? Não. Ninguém fala sozinho. Há sempre "um outro" que ocupa um lugar na fantasia e para quem é direcionada esta fala. E nós, adultos (pais, cuidadores, substitutos) precisamos suportar este outro tempo, e participar das falas, por vezes, apenas repetindo: "vermelho, amarelo, azul e violeta".
● Ela não fala muitas palavras com sons comuns, tem suas próprias expressões para se comunicar e aponta para tudo que quer. Tem 5 anos e outro dia contei pra ela a história de uma menina que não conseguia falar direito e, por isso, muitas pessoas não conseguiam entendê-la. Brincando com os móveis da casinha, olhava para mim, com certo desinteresse naquilo que ouvia. Daí continuei: "mas enfim, ela estava conseguindo algo para ajudá-la a se comunicar melhor". Imediatamente, ela levantou do tapete e veio ver o livro que eu segurava em mãos. Ficou do meu lado e pronunciou: "Hum?" - expressão de susto e surpresa. "Você quer saber como podemos ajudá-la? Confirmou que sim com a cabeça. "Aqui diz que brincar e contar histórias podem ser muuuito importantes". "É xiiia" (é tia) - acompanhado de um largo sorriso.
O único diagnóstico que me interessa aqui, neste primeiro tempo, é se há alguma disponibilidade afetiva para ser desenvolvida. E sim, até aqui, sempre houve. Sempre ha(verá).
Psicóloga Mayara Almeida
mayarapsicologia@hotmail.com
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
Nenhum comentário :
Postar um comentário